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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

REGRAS FAMILIARES: O SEGREDO DA PAZ

(por Elizabeth Pantley, educadora.)

Até mesmo a criança mais novinha pode entender o que é uma regra, que pode ser um simples ritual diário, como “Escovamos os dentes antes de dormir” ou “Levamos os pratos para a pia depois que comemos”. Uma regra também pode ser um guia para o comportamento, como “Nós não batemos nas pessoas”. As regras funcionam melhor quando são breves, simples e quando são seguidas de modo constante.
A primeira coisa que você precisa fazer é decidir sobre as regras prioritárias. Um número excessivo de regras complica a vida de todos. Além disso, quando numerosas demais, elas são facilmente esquecidas, de modo que é melhor determinar as dez mais importantes, ou algo em torno disso. O melhor modo de descobrir quais são as dez regras mais importantes é fazendo uma lista dos problemas comportamentais que mais o incomodam. Ao ver quais são eles, você saberá quais são os mais importantes e que devem ser abordados com uma regra formal.
Depois que você tiver feito uma lista dos principais problemas de comportamento, traduza cada um em uma regra clara e simples. Por exemplo, se seus filhos são rudes demais uns com os outros e costumam empurrar, bater, chutar, puxar os cabelos ou brigar uns com os outros ao ponto das lágrimas, crie uma regra simples de entender que abranja todos esses comportamentos, como “Não machucamos ninguém”.
Enquanto você cria as regras, garanta que serão possíveis de colocar em prática. Esta não é uma lista de cada coisa que você desejaria; ela diz respeito aos comportamentos prioritários, e são aquelas que você está disposto a colocar em prática.
Uma ótima maneira de proclamar as novas regras é publicá-las na forma de um pôster. Use cores alegres e enfeites para torna-lo mais alegre e depois o pendure na parede, para que todos o vejam e se lembrem das regras.
Outra vantagem de regras específicas por escrito é que elas trazem em si regras implícitas adicionais. “Não machucamos ninguém” pode ter sido criada para prevenir brigas físicas entre seus filhos, mas também implica a prevenção de sofrimento emocional. As regras refletem a personalidade e cultura de uma família – os valores e moral que guiam todas as suas ações e estabelecem o que é mais importante em sua unidade familiar.


(Extraído do livro “Soluções para disciplina sem choro: maneiras gentis para incentivar o bom comportamento sem queixas, birra e lágrimas”. Ed. M Books, pp. 102- 104)

DISCIPLINA: A PUNIÇÃO FÍSICA


Por Dr. T. Berry Brazelton (pediatra)
e Dr. Joshua D. Sparrow (psiquiatra infantil)
Palmadas e outras punições físicas interrompem o comportamento indesejado de uma criança assustando-a ou causando-lhe dor física, enquanto reafirmam o poder da maior força física de um adulto. Os adultos que receberam punições físicas na infância quase sempre parecem se lembrar como os pais eram poderosos e como eles se sentiam assustados. Geralmente também lembram como tinham raiva e como respeitavam ou admiravam pouco seus pais nessas ocasiões.
Com muito menos frequência esses adultos se lembram porque apanhavam ou que lição deviam ter aprendido. Uma mulher crescida, agora mãe, afirma, “Lembro-me exatamente com o que apanhei e onde, mas não me lembro porquê. Tudo o que lembro é como me senti embaraçada, como fiquei com raiva de meu pai e como queria me vingar. Mas não aprendi nada.”
Quando os pais utilizam a violência para mostrar que são eles que mandam, estão dizendo para a criança “Sou maior do que você” e “Não respeito você”. Pode-se esperar que uma criança que é tratada dessa maneira se esquive de seus pais e se proteja em um casulo de raiva. Ela tende a perder o respeito pelo adulto e não levará a sério os ensinamentos morais dos pais que a ferem. Essa criança corre o risco de crescer sem consciência.
Em outras culturas, uma colher ou raquete de madeira é mantida perto, pronta para espalmar os traseiros das crianças que se comportam mal. Mesmo quando não são utilizados também são mencionados, quando necessário, como um lembrete das consequências a serem evitadas. Muitos pais nunca batem nos filhos. Eles simplesmente nos lembram do seu poder e intenção de fazê-lo. As crianças que podem incorporar essa ideia, imaginar como seria e decidir que o mau comportamento não vale a pena, podem nunca ter que vivenciar essa realidade. Mas esse método deixa a criança dependente de ameaças físicas para parar e pensar sobre o seu comportamento.
Os pais que foram criados com punições corporais tendem a continuar a tradição pela geração seguinte. Com frequência, eles o fazem a partir de um sentido de lealdade com seus pais e com a cultura ou por um sentido de dever de executar essa obrigação ou por falta de alternativas. Uma professora da pré-escola que conheço ouve os pais dizerem “Meus pais me batiam e não acho que tenha dado tão errado”. Para eles, ela responde “Você está errado. Você está bem apesar de ter apanhado!” Esses pais também podem ser incapazes de imaginar como uma criança se sente com a ameaça de agressão física pairando sobre ela.
No calor da hora, os pais que querem criar seus filhos de maneira diferente daquela com que foram criados ainda podem se descobrir recorrendo a reações familiares e profundamente arraigadas. Mas quando o fazem, tendem a ser dominados pela culpa. Aqueles que conseguem evitar as punições corporais têm mais probabilidade de ter sucesso se se preparam com outras respostas simples às quais podem recorrer quando há um mínimo de tempo para pensar.
Qualquer família precisará entender suas próprias tradições disciplinares (incluindo as punições corporais), deseje ela perpetuá-las ou adotar um novo método. Essas tradições merecem respeito, embora hajam linhas que não deveriam mais ser cruzadas. Certamente, os danos físicos são inaceitáveis sob quaisquer circunstâncias. Mas, e sobre a dor física transitória – como as palmadas e os tabefes? Ou a dor emocional, transitória ou não – como a vergonha, a humilhação, as críticas destrutivas, ou as comparações negativas com os irmãos, etc? Se disciplinar é ensinar, e a meta é a autodisciplina, então as respostas para essas questões são óbvias. Desse ponto de vista essas abordagens parecem, na melhor das hipóteses, míopes, e na pior, contraproducentes.
Com muita frequência, os pais batem numa criança quando estão ele mesmos fora de controle momentaneamente. Claramente, não há nada de positivo nisso a ser aprendido por parte da criança. Com muito menos frequência, os pais continuam calmos e de cabeça fria, adotando uma aplicação consistente das punições corporais.
Quando os pais adotam punições corporais, também dizem para uma criança: “Você terá que se comportar porque posso te pegar.” Essa mensagem não prepara uma criança para o dia em que os pais não estarão lá. No mundo violento da atualidade, não podemos mais nos permitir ensinar comportamentos violentos aos nossos filhos. Não podemos mais nos permitir discipliná-los sem lhes dar razões melhores e mais duradouras para assumirem a responsabilidade por seu comportamento.



(Trecho extraído do livro “Disciplina: o método Brazelton”, ed. Artmed, p 62.)