como criar um futuro
Sociopata
(por
Dr. James Kimmel, Ph.D.)
“As sociedade para prevenção
da crueldade contra bebês e crianças se preocupam apenas os tipos mais
grosseiros de abuso. Nossa sociedade precisa ser ajudada a ver a gravidade de
crimes contra a infância que hoje são considerados um tratamento normal” (Jean
Liedloff, The Continuum Concept1)
Definições: (do dicionário Webster)
Antissocial:
- Não sociável
- Perigoso ao bem estar de
outras pessoas
Associal:
- Evita o contato com outras
pessoas
- Egoísta
Personalidade Psicopata:
- Pessoa caracterizada por
instabilidade emocional, falta de julgamento social, perversão e
comportamento impulsivo (muitas vezes criminosp), inabilidade para
aprender com a experiência, sentimentos amorais a e associais, e outros
defeitos de personalidade.
Sociopata:
- Uma personalidade psicopata
com comportamento agressivo e antissocial.
Nós vivemos em uma
sociedade que rapidamente está se tornando uma nação de sociopatas. A razão
disso não é a perda de valores familiares. Nem é a consequência de pais que
sejam eles mesmo indivíduos sociopatas ou emocionalmente perturbados. Ao
contrário, a causa é forma convencional, porém anormal, pela qual criamos as
nossas crianças. Desde o momento do nascimento, as crianças são privadas
daquilo que os seres humanos evoluíram para possuir – o cuidado natural e
prolongado da sua espécie. Nós – pais, comunidade e governo – não cumprimos o compromisso
a que as crianças têm direito desde o seu nascimento. Nós trazemos crianças ao
mundo – mas não aceitamos a responsabilidade de cuidarmos delas.
Em nossa falta de compromisso para com as
nossas crianças, nós as privamos do apego e contato humanos que é sua
“expectativa” genética e biológica ao nascerem. Nós lhes negamos a experiência
biológica de maternagem que é a base da socialização humana, e, comumente,
dividimos os seu cuidados com estranhos que têm ainda menos compromisso para
com elas do que nós mesmos. Por não serem a nossa prioridade, o melhor que
alguns de nós podem fazer é lhes dar é “tempo de qualidade”. Numa nação de
indivíduos onde a maior prioridade é o “eu”, nós consideramos o cuidado para
com os outros, inclusive com os nossos próprios filhos, como um autosacrifício
e perda do “eu”. Nós pedimos por mais e melhores creches, mas não pelo tipo de
ajuda que nos possibilitaria ficar em casa e cuidarmos dos nossos filhos. Tampouco
nosso governo oferece auxílio financeiro, como outras nações fazem, que permita
a ao menos um dos responsáveis ficar em casa para cuidar do bebê. (Nota da blogueira: nesse ponto acho q seria
importante incluir uma nota explicado que alguns países, como EUA, não dão
nenhum tipo de licença maternidade, enquanto outros europeu concedem licenças
de até 2 anos).
O fato de uma nova vida humana não ser nossa
prioridade, indica que a vida humana em si não é nosso principal valor. A forma
pela qual respondemos aos nossos bebês, mesmo quando os valorizamos, sugere que
não sabemos como lhes transmitir a noção de que são realmente valiosos.
Simplesmente não somos amigáveis para com a nova vida que criamos.
A forma como cuidamos de bebês e crianças é, de
fato, sociopata de uma forma agressivamente antissocial e associal. É uma
prática comum forçar os bebês longos períodos de tempo sozinhos em seus berços,
a dormirem sozinhos e ignorar o choro deles, para que eles nos deixem em paz e
aprendam a aceitarem ficarem sós. Dar palmadas, bater e castigar crianças é um
método amplamente aceito de ensinar as crianças a se comportarem. Se
tratássemos outro adulto da forma como normalmente tratamos nossas crianças, estaríamos
sujeitos a processos judiciais. Impor a própria vontade sobre alguém é
considerado um crime em nossa sociedade. No entanto, em relação às crianças, é
algo ativamente encorajado. Donde só podemos concluir que crianças não são
vistas como pessoas.
Em nosso esforço para fazer as crianças se
comportarem como nós desejamos, utilizamos métodos de controle que são
culturalmente condenado como formas de violência. Baseados na nossa antiga
crença tradicional de que as crianças são uma espécie de propriedade, nós as
tratamos como objetos a serem manipulados e moldados na direção que for mais
confortável para nós.
Peter e Judith Decourcy expressaram nossa percepção
social sobre as crianças na seguinte passagem:
“De muitas formas, não pensamos nas crianças como
pessoas com os mesmo direitos e privilégios dos adultos. Punição física e
humilhação psicológica são considerados
métodos aceitáveis para se controlar o comportamento das crianças. Crianças
comumente são punidas com uma variedade incomum e engenhosa de métodos, que não
seriam tolerados na mais retrógrada prisão adulta, ainda assim os pais não
estão sujeitos à censura social ou interferência legal. É como se as crianças
fossem objetos, propriedades dos pais, para serem usadas conforme eles
queiram.” 2
“O ponto mais estranho e irreal de nossas crenças
sobre a criação de filho é que nosso comportamento antissocial para com elas é
supostamente destinado a torna-las pessoas sociáveis e cuidadosas. Estamos
cegos ao fato de que a relação entre pais e filhos é a primeira e mais
importante relação social, que modela a interação da criança com os outros.
Nossas crianças são influenciadas em seu desenvolvimento principalmente por
aqueles que somos em nosso relacionam com ela, não por aqueles pensamos ou
gostaríamos de ser. Como disse Theodore Schwartz, ‘o importante na transmissão
cultural não é tanto o que ensinamos ou não às crianças, mas a forma como as
coisas se passam com elas, e as atitudes das pessoas com quem mais interagem’” 3
Nós agimos em relação às nossas crianças de formas
similares às de uma personalidade sociopata. Nos comportamos em reação a elas
de forma que frequentemente é emocionalmente instável, perversa e impulsiva. Ao
lhes negar amor e afeto, ao puni-los para que se comportem, nos comportamos de
modo amoral e associal (às vezes criminoso). Em nossa crença de que a forma
como nos comportamos para com eles os tornará indivíduos sociáveis é desprovida
de juízo social. Nossa relutância em mudarmos as formas de nos relacionarmos
com as crianças, embora sejamos continuamente confrontados pelo nosso fracasso
em mudar o comportamento delas, indica que nós (enquanto nação, bem como
enquanto pais) somos incapazes de aprender com a experiência. A seguirmos nossa
forma tradicional de puericultura e criação de filhos, involuntariamente
estamos treinando nossos filhos a se ternarem sociopatas.
Nem todos nós nos comportamos como sociopatas. A
maioria de nós não é de criminosos. Mas muitos de nós somos sociopatas na forma
como nos relacionamos com nossos filhos. Não por que sejamos indivíduos fora do
normal. Nós somos o normal. Somos pais saciopatas devido às nossas tradições de
criação de crianças, às nossas experiência enquanto crianças, à nossa cultura,
ao nosso governo e a muitos de nossos especialistas em cuidados com as
crianças, que nos encorajam a sê-lo.
2 Decourcy, Peter and Judith. A Silent Tragedy: Child Abuse
in the Community. New York: Alfred Publishing.
3 Schwartz, Theodore, "Socialization as Cultural
Transmission." Berkeley: University of California Press. As quoted in:
Nanda, Serena, Cultural Anthropology, Third Edition. Belmont, CA:
Wadsworth Publishing, 1987, p.131.
FONTE do original: http://www.naturalchild.org/james_kimmel/sociopathic_parenting.html
Tradução: Taicy Ávila
Revisão final: Andréia Stankiewicz
Revisão final: Andréia Stankiewicz