(Por William Sears
& Martha Sears) [**]
Um
dia eu estava observando uma família na sala de espera do meu consultório. O
filho pequeno brincava alegremente a uns poucos passos de sua mãe, e às vezes
voltava para o colo dela para um breve aconchego, e depois voltava a brincar.
Quando se aventurava a afastar-se um pouco mais, ele olhava para a mãe em busca
de aprovação. Ela acena e sorria “Está tudo bem!” e ele seguia confiante para
explorar novos brinquedos. Nas poucas vezes em que a criança começava algum
comportamento impróprio, a criança o olhava nos olhos e o pai o redirecionava
fisicamente para que ele recebesse a mensagem. Havia paz na criança, e uma
autoridade confortável em seus pais. Foi fácil perceber que havia um bom
relacionamento entre eles. Não resisti e os elogiei: “Vocês são bons
disciplinadores”. Surpreso, o pai replicou: “Mas nós não batemos em nosso
filho”.
Nosso
conceito sobre a palavra disciplina era, obviamente, diverso. Como muitos
outros pais, eles relacionavam disciplina com uma reação ao mau comportamento.
Eles não percebiam que a maior parte da disciplina é aquilo que você faz para
encorajar o bom comportamento. É melhor evitar que uma criança caia, do que
fazer um curativo na ferida depois da queda.
Disciplina
é tudo o que você dá a uma criança para influenciar o seu desenvolvimento. Mas
como você deseja que a criança se desenvolva? O que o seu filho vai precisar
ter para se tornar a pessoa que você deseja? Sejam quais forem os seu
objetivos, eles deverão ser baseados em ajudar a criança a desenvolver
mecanismos de autocontrole dos quais ela precisará para toda a vida. O sistema
deve servir de guia ao seu filho quando ele tem 4 anos e também quando ele
tiver 40, e deve estar integrado à personalidade dele. Se a vida do seu filho fosse
um videoteipe, e você pudesse avançar algumas décadas quais qualidades você
gostaria de ver no adulto que está no vídeo? Aqui está a nossa lista de desejos
para os nossos filhos:
·
Sensibilidade
·
Confiança
e boa autoestima
·
Sabedoria
para fazer as escolhas certas
·
Habilidade
para relacionamentos íntimos
·
Respeito
pela autoridade
·
Habilidade
para resolver problemas
·
Senso
de humor
·
Habilidade
para se concentrar em objetivos
·
Honestidade,
integridade
·
Sexualidade
saudável
·
Responsabilidade
·
Desejo
de aprender
Uma
vez que você conhece os seus objetivos, você poderá definir como alcança-los.
Lembre-se que o seu filho não é uma folha em branco, onde você pode escrever os
seus desejos. A personalidade do seu filho é guiada, e não formada, por você e outras pessoas significativas
para ele. Você precisa levar a individualidade da criança em consideração. Já que
pais e filhos têm diferentes temperamentos e personalidades, assim como as
famílias têm diferentes estilos de vida, a maneira como os pais guiam seus
filhos deve variar. No entanto, há conceitos básicos sobre disciplina que não
variam, a despeito das características de pais e filhos. Os dez princípios
básicos que se seguem devem ajuda-lo a refletir sobre como a disciplina
funcionará no seu lar.
1.
Conecte-se desde cedo
A
disciplina é fundamentada no relacionamento saudável entre pais e filhos. Para
saber como disciplinar o seu filho, antes de tudo é preciso conhecer o seu filho. Esse tipo de
conhecimento, no fundo, já reside na mente dos pais. Você pode chama-lo de
“intuição”, mas esse termo tem uma mitologia que confunde os pais. (“Como saber
se posso confiar na intuição? Eu nem sei se tenho alguma!”). Já o termo conexão
pode ser compreendido mais facilmente. Através da criação por apego, um estilo
de educação baseado na afetividade, você pode construir e fortalecer as
conexões entre você e o seu filho, estabelecendo os fundamentos para a
disciplina. Pais conectados tornam-se verdadeiros especialistas nos seus
filhos, por isso sabem quais tipos de comportamentos esperar destes, e também
como expressar as suas expectativas a eles. Filhos conectados sabem o tipo de
comportamento que seus pais esperam deles, e se esforçam para fazê-lo por que
querem satisfazer aos seus pais. Pais e filhos assim desenvolvem juntos um
estilo de disciplina que funciona para eles.
Pais desconectados, inseguros em relação ao que se passa
na mente dos seus filhos, talvez não tenham confiança na sua própria capacidade
de disciplinar os filhos, e por isso procuram por respostas de “especialistas”.
Eles pulam de um método para o outro, em busca de respostas para problemas que
talvez pudessem ter sido evitados. Se você e o seu filho estão tendo problemas
disciplinares, e sente que isso os está distanciando, talvez precise trabalhar
melhor a conexão com o seu filho. Nunca é tarde demais para melhorar o
relacionamento, embora, quanto mais cedo essa conexão seja estabelecida, mais
fácil será alcançar a disciplina. Estabelecer uma conexão com o seu filho é o
fundamento da disciplina, e o coração da criação por apego.
2.
Conheça seu filho
Estas
são as três palavras mais úteis na disciplina. Estude o seu filho. Conheça as
necessidades e as capacidades do seu filho em cada estágio. As técnicas de
disciplina deverão ser diferentes a cada estágio, pois as necessidades da
criança mudam. Uma birra de uma criança de 2 anos precisa de respostas
diferentes daquelas de uma criança de 4 anos.
Conheça o comportamento de cada faixa
etária. Muitos
conflitos surgem quando pais esperam que seu filhos pensem e se comportem como
adultos. Você deve saber qual o comportamento é comum em cada faixa etária,
para poder diferenciá-los do mau comportamento. Nós achamos a disciplina muito
mais fácil no nosso oitavo filho do que no primeiro, principalmente porque
sabíamos quais comportamentos precisavam de orientação, paciência e bom humor,
e quais precisavam de uma correção firme e imediata. Nós tolerávamos as coisas
próprias de cada faixa etária (por exemplo, a maioria das crianças de 2 anos não consegue ficar sentada quieta num
restaurante por mais de alguns minutos) mas nós corrigíamos que fossem
desrespeitosos ou perigosos pra ela mesma ou para os outros (“Você não pode
subir na mesa”).
Entre na mente do seu filho. Crianças não pensam como adultos.
Crianças fazem coisas malucas e têm pensamentos malucos – ao menos para os
padrões adultos. Você ficará louco,
se julgar o comportamento do seu filho pelos padrões adultos. Uma criança de 2
anos que corre em direção à rua não está sendo desafiadora, ela apenas quer a
sua bola de volta. A ação segue o impulso, sem passar pelo pensamento. Uma
criança de 5 anos gosta tanto do brinquedo do amigo que o pega “emprestado”. Um
adulto talvez pare e pese a necessidade, segurança e moralidade de uma ação,
mas uma criança pequena não o faz. Veja as coisas com os olhos do seu filho, a
fim de entender a causa do seu comportamento e redirecioná-lo Nós chamamos isso
de “pensar como a criança”. Aqui vai um exemplo.
Nosso
Matthew, aos 2 anos de idade, era uma criança muito concentrada. Ele ficava tão
focado numa brincadeira que era difícil para ele deixa-la quando era hora de ir
embora. Um dia, ele estava brincando e nós estávamos atrasados para um
compromisso importante, então Martha o pegou e o levou até a porta. Matthew
protestou com uma birra, típica dos 2 anos de idade. Inicialmente, Martha
tentou usar o tradicional “sou eu quem está no comando”, e achava que estava
certa em esperar que Matthew a obedecesse e deixasse seus brinquedos de lado.
Mas, ao ver uma criança chorando e dando birra na porta, ela percebeu que havia
perdido o equilíbrio da disciplina, e não estava lidando bem com a situação. Sua
atitude estava baseada na necessidade de partir, mas não havia levado em conta
as necessidades de Matthew de aviso prévio e uma transição mais gradual. Ela
percebeu que não estava na natureza de Matthew deixar suas atividades tão
rapidamente, mesmo que ele tivesse que cumprir um prazo. Ele não estava sendo
desafiador, estava apenas sendo honesto consigo mesmo. Ele precisava de um
tempo maior para deixar os seus brinquedos. Então ela calmamente o levou de
volta aos seus brinquedos, sentou-se com ele, e juntos disseram “Adeus
brinquedos, adeus caminhões, adeus carros”, até que ele se sentisse confortável
para ir embora. Isso demorou apenas alguns minutos, tempo que, de outra forma, teria sido gasto
lutando contra Matthew no carro. Isso não foi uma “técnica” ou um “método”;
esta ação disciplinar surgiu naturalmente do respeito mútuo entre mãe e filho,
e do conhecimento que Martha tinha sobre a personalidade de Matthew. Ao fim
desse exercício, Martha sentiu-se aliviada por ter conseguido aquilo que
precisava – tirar Matthew de casa sem birra. Ela o havia ensinado uma maneira
de se desligar de suas atividades sem fazer birra. Isto é disciplina.
Perceber
o quanto a disciplina funcionava melhor quando levávamos em consideração as
necessidades dos nossos filhos foi fundamental para nós. Inicialmente, tivemos
de superar o medo de estarmos sendo manipulados pelos nossos filhos, pois
havíamos lido, ouvido e crescido com a concepção de que os bons pais estão
sempre no comando. No entanto, descobrimos que levar em conta a perspectiva dos
nossos filhos nos ajudava a estar no comando. Conhecer nossos filhos tornou-se
a chave para saber como discipliná-los. Eles sabiam que estávamos no comando,
pois éramos capazes de ajuda-los a obedecer. Isso não deixava dúvidas em suas
mentes, de que mamãe e papai “sabem o melhor”.
3.
Ajude seu filho a respeitar a
autoridade
Pais,
se encarreguem dos seus filhos. Isto é básico na disciplina. Porém, ser uma
figura de autoridade para o seu filho não vem automaticamente no pacote de ser
pais. A criança a quem se diz que ela deve obedecer ou “ela vai ver” talvez se
comporte, mas o faz por medo, não por respeito. “Honrai seu pai e sua mãe” é um ensinamento sábio e atemporal, e não
temei-os. Honrar implica tanto
obediência quanto respeito.
Como
fazer com que seu filho o respeite? Uma figura de autoridade precisa ser tanto
sábia quanto acolhedora. Primeiramente, conecte-se com o seu filho. Comece como
um provedor de conforto ao seu bebê. Fazendo-o, você aprenderá a conhecer o seu
bebê, e ele aprenderá a confiar em
você. O respeito pela autoridade é baseado em confiança. Uma vez que o seu
filho confiar que você proverá as necessidades dela, também confiará em você
para estabelecer limites. Certa vez perguntei a uma mãe porque ela se sentia
tão confiante em ser uma figura de autoridade. Ela replicou “Grande parte de
minha confiança vem do fato de conhecer o
meu filho”. Por compreender a criança, ela era capaz de guia-la, e saber que
ele a seguiria. Muitos pais confundem estar no comando com estar no controle.
Ao invés de controlar diretamente a criança, a figura de autoridade sábia
controla a situação, de modo que
fique mais fácil para a criança aprender a controlar a si mesma. As crianças
respondem com confiança e respeito genuínos, em vez de medo e rebelião.
4.
Estabeleça limites e forneça a
estrutura
Estabeleça
regras, mas também crie condições para que as regras sejam fáceis de seguir. As
crianças precisam de limites. Elas não se desenvolvem nem sobrevivem sem
limites, assim como os seus pais também não. Para poderem aprender sobre o seu
ambiente, as crianças pequenas precisam ser enérgicas e exploradoras. Este é o
trabalho delas. Controlar o ambiente é o trabalho dos pais. Isso envolve tanto estabelecer limites, quanto fornecer estrutura, que significa criar
uma atmosfera doméstica que torne mais fácil respeitar os limites. Estabelecer
limites para uma criança pequena significa dizer não a uma criança exploradora,
que poderá encontrar problemas a qualquer momento; fornecer estrutura significa
tornar a casa um ambiente seguro, “à prova de crianças”, para oferecer às
cabecinhas exploradoras um ambiente seguro onde elas podem aprender.
5.
Valorize a obediência
Seu
filho será tão obediente quanto você esperar, ou tão desafiador quanto você
permitir. Quando perguntamos a pais de crianças obedientes por que elas os
obedecem, todos respondem “Porque nós esperamos que elas façam assim”. Por mais
simples que isso pareça, muitos pais deixam esse fato escapar. Eles estão muito
ocupados, seus filhos têm “gênio forte”; e inventam desculpas “isso é apenas
uma fase difícil”.
Uma criança pequena não sabe quais comportamentos são
aceitáveis, e quais não são, até que você diga isso a ela. Certa noite, num
restaurante, nós observamos duas famílias lidarem a mesma situação disciplinar
de formas distintas. A criança de dois e anos e meio estava constantemente se
pendurando no encosto da cadeira, e continuou fazendo-o até que isso começou a
incomodar as pessoas que estavam sentadas nas proximidades. Os pedidos
insistentes dos pais não foram o suficiente para deter o pequeno escalador. Era
bem claro que aquela criança não sabia que aquele comportamento era inaceitável.
Para ela, a mensagem era de “Nós preferiríamos que você não se pendurasse, mas
não faremos nada para mudar isso.” Outra crianças de 2 anos e maio recebeu uma
mensagem diferente, e mostrou um comportamento diferente. O pai sentou-se
próximo à criança, frequentemente se dirigia a ela, envolvendo-a na conversa da
família. Assim que a criança começava a escalar a cadeira, o pai imediatamente
o pai a redirecionava e educadamente a colocava de volta em seu assento. Com
uma combinação de distração criativa, bem como atitude firme e respeitosa, o
pai ensinava à criança que não era permitido escalar seu assento. A criança
recebeu a mensagem de que as tentativas de escalar não seriam aceitas. Assim, ela
gravou esta informação em seu banco, para outras vezes em que estivesse num
restaurante, onde provavelmente faria menos tentativas de subir na cadeira.
Os pais desta segunda família davam sinais de controlar o
comportamento? Sim, mas na acepção correta do termo. Controle abusivo é quando
você impõe a sua vontade sobre a criança esperando que ela obedeça, em
detrimento ao relacionamento. Quando você insiste na obediência e ajuda a
criança a se controlar, você está usando sua influência sobre ela de uma boa
maneira, ajudando a desenvolver o autocontrole. Lembre-se, as crianças desejam
limites, para não se sentirem fora de controle, e elas querem que os pais
estabeleçam esses limites. Elas continuam testando os limites, para ver se você
os sustenta. Quando você não os sustenta, a criança sente-se ansiosa, pois
ninguém se mostra forte o suficiente para contê-la. Para uma criança, isto é
assustador. Plante a semente da cooperação, para que seu filho deseje obedecer.
Espere que seu filho se torne uma boa pessoa com quem conviver, e ajude-a
alcançar isso. Ele o agradecerá mais tarde.
6.
Modele a disciplina
Um modelo
é um exemplo que seu filho imita. A mente de uma criança em fase de crescimento
é uma esponja, sugando as experiências da vida; é uma câmera captando tudo o
que a criança ouve e vê, armazenando essas imagens num arquivo mental para
reprises posteriores. Essas imagens armazenadas, especialmente aquela repetidas
com freqüência por pessoas importantes na vida da criança, tornam-se parte de
sua personalidade – da própria criança. Por tanto, um de seus trabalhos como
pai é providenciar bom material para que seu filho absorva.
“Mas
eu não sou perfeito.” Claro que não. Nenhum pai é perfeito. Enquanto
escrevíamos este livro, Martha e eu sempre dizíamos “Nós sabemos disso tudo e
ainda cometemos erros.” Na verdade, um modelo perfeito não é saudável – um
objetivo quem nem os pais nem os filhos podem atingir (embora talvez se
machuquem tentando). É a sua atitude geral que conta, e não uma explosão ou
falha ocasional. Se um pai é habitualmente raivoso, a raiva se torna parte da
identidade da criança. A criança aprende que é assim que as pessoas lidam com a
vida. Se um pai dá exemplo de alegria e confiança, mas ocasionalmente fica
raivoso, a criança tem um modelo mais saudável: as pessoas estão felizes na
maior parte do tempo, mas às vezes dificuldades te deixam com raiva. Então você
lida com a situação e torna a ser feliz.
Pais,
vocês são a primeira pessoa que o seu filho conhece. Vocês são os primeiros
cuidadores, figuras de autoridade, colegas de brincadeira, modelo de homem e de
mulher. Você estabelece o padrão da atitude do seu filho para com autoridade,
sua habilidade para brincar com pares, e sua identidade sexual. Parte de você
mesmos e torna parte do seu filho. Sim, muito do comportamento do seu filho é
genético. Mais de um pai já reconheceu que “ele veio assim de fábrica”, mas
muito também é influenciado pelos modelos de comportamento que a criança
recebe.
7.
Alimente a autoconfiança do seu filho
A
criança se que sente bem se comporta bem. A pessoa que cresce com uma
auto-imagem positiva é mais fácil de ser disciplinada. Ela se vê como uma
pessoa valorosa, e por tanto se comporta de maneira valorosa. Ela é capaz de
deixar o mau comportamento de lado para continuar a sentir-se assim. Quando uma
criança assim tem um comportamento errado, ela volta mais rapidamente ao
caminho correto, com menos necessidade de correção.
A criança com uma auto-imagem ruim não é assim. A criança
que não se sente bem não age bem. Ninguém espera que ele se comporte bem, por
tanto ele não o faz. O ciclo vicioso do mau comportamento começa: quanto mais
mau comportamento, mais punição, que intensifica a sua raiva e rebaixa sua auto
estima, produzindo mais mau comportamento. É por isso que nossa abordagem sobre
disciplina é primariamente focada em promover o sentimento interno de bem estar
desde o início. Na vida seu filho será exposto a pessoas e ventos que
contribuem para sua auto-estima, e outros que a destroem. Nós os chamamos de
construtores e destrutores. Exponha o seu filho a muito mais condições que
sejam construtoras, e seja você mesmo um construtor para ele.
8.
Modele o comportamento do seu filho
Um
pai sábio é como um jardineiro que trabalha com o que ele tem em seu jardim e
também decide o que ele quer acrescentar a ele. Ele sabe que não pode controlar
as características das flores que ele tem, quando elas florescem, seu perfume
ou cor; mas ele pode acrescentar ao jardim as cores que estão faltando, e pode
podá-las para que fiquem mais bonitas. Há flores e ervas daninhas no
comportamento de todas as crianças. Ás vezes, as flores desabrocham tão
lindamente que você nem percebe as ervas daninhas; outras vezes as ervas
daninhas tomar conta das flores. O jardineiro rega as plantas, põe estacas para
que cresçam direito poda-as para que floresçam mais, e mantém as ervas daninhas
sob controle.
As
crianças nascem com alguns comportamentos que florescem ou fenecem, dependendo
de como elas são cuidadas. Outros comportamentos são plantados e vigorosamente
encorajados a florescer. Vistos em conjuntos, estes comportamentos
eventualmente formarão a personalidade da criança. As ferramentas de jardinagem
que você usa como pai são as técnicas que chamamos de formadoras, formas
testadas ao longo do tempo para melhorar o comportamento do seu filho em todas
as situações. Estes formadores o ajudam a extirpar as ervas daninhas que
atrasam o seu filho e nutrem as qualidades que o ajudam a amadurecer.
O
objetivo da formação do comportamento é instilar no seu filho o senso daquilo
que é “comportamento aceitável” e ajudá-lo a ter sentimentos positivos sobre
eles. A criança aprende a se comportar, para o bem ou para o mal, de acordo com
as respostas que ele obtém das figuras que são referenciais de autoridade.
Quando a criança recebe respostas encorajadoras ao bom comportamento, ele é motivado
a a continuar com ele. Quando a criança recebe respostas desencorajadoras ao
comportamento ruim, ele se extingue. No entanto, quando a criança obtém muita
atenção, seja positiva ou negativa, ao comportamento indesejável, ele poderá
continuar, especialmente se for o único tipo de comportamento que obtém
atenção. Seja cuidadoso com quais comportamentos você reforça e sobre como você
faz isso.
A
maior parte da formação do comportamento são relações de causa e efeito.
(Quando o quarto de Billy está uma bagunça, a mamãe diz “Nada de brincar lá
fora enquanto o quarto não for arrumado.”) Eventualmente, a criança internaliza
essas formações, e ao fazê-lo aprende a ser responsável pelas conseqüências dos
seus atos. (“Quando o meu quarto está bagunçado, não é divertido brincar lá,
então é melhor arrumar tudo.”) Ele aprende a controlar o próprio comportamento.
A
cada estágio do desenvolvimento, as suas ferramentas de formação mudam,
dependendo das necessidades do pequeno jardim. Molde o comportamento do seu
filho e faça a personalidade dele trabalhar a seu próprio favor. Ele será uma
pessoa amável, que contribuirá para o jardim da vida.
9.
Eduque crianças que se importam
Ser uma criança com
senso moral inclui ser responsável, desenvolver a consciência e ser sensível para
com as necessidades e direitos dos outros. A criança com senso moral tem um
código interno ligado ao seu próprio senso de bem estar. Dentro de si, ela sabe
que “Eu me sinto bem quando ajo bem, e me sinto mal quando ajo mal”. A raiz do
senso moral na criança é a sensibilidade para consigo mesmo e para com os
outros, juntamente com a habilidade de antecipar como as ações de uma pessoa
afetarão a outra, e levar isso em conta antes de agir. Uma das habilidades
sociais mais preciosas que se pode ensinar aos filhos é a empatia – a
habilidade de considerar os direitos e sentimentos dos outros. As crianças
aprendem empatia com as pessoas q as tratam empaticamente. Uma das melhores
maneiras de se criar bons cidadãos é criar crianças empáticas.
Além de ensinar às crianças comportamento responsável
para com as outras pessoas e para com as coisas, também ensine as crianças a
assumirem a responsabilidade por si mesmas. Uma das mais valiosas ferramentas
para a vida que você pode dar ao seu filho é a de fazer boas escolhas. Você
quer implantar um sistema de segurança no seu filho que o lembre
constantemente: “Pense bem no que você está prestes a fazer”. Ao aprender a
assumir a responsabilidade pelas suas ações nas coisas pequenas as prepara para
fazer a escolha séria quando as conseqüências são mais sérias. Nós desejamos
que você eduque crianças que se importam.
10.
Dialogue e escute
Não se torne um pai
surdo. As melhores figuras de autoridade são aquelas que se comunicam com os
filhos. Muitas vezes reelaborar uma orientação para a criança, de uma maneira
mais compreensiva para com a criança, faz toda a diferença para que a criança
te obedeça ou te desafie. Bons disciplinadores ajudam uma criança fechada a se
abrir, e conhecem a regra de ouro: Fale com os seus filhos respeitosamente, da
mesma maneira que você quer que eles falem com você.
Além de aprender a falar com o seu filho, é igualmente
importante aprender a ouvi-lo. Nada conquista mais uma criança (ou um adulto)
mais do que demonstrar que você valoriza os seus pontos de vista. Estar no
comando do seu filho não significa anulá-lo. Ajude seu filho a reconhecer e
comunicar apropriadamente os seus sentimentos. Quando uma criança aprende a
reconhecer os seus sentimentos, ela se trona sensível para com o que os outros
sentem.
Cada um desses tópicos sobre disciplina depende do outro.
É difícil ser uma figura de autoridade, um bom modelo, um modelador de
comportamento e um bom professor se você e seu filho não estão conectados e
você não o conhece. Talvez você conheça os princípios psicológicos para modelar
o comportamento, mas eles não funcionarão se você não se comunicar com o seu
filho. E mesmo um relacionamento conectado não garante uma criança bem
disciplinada, se você falar em transmitir ao seu filhos suas expectativas em relação
à obediência às regras. Estes dez blocos interdependentes formam a fundação da
disciplina. Junte-os e você terá uma boa planta para construir uma criança que
é uma alegria com quem conviver, e o fará orgulhoso no futuro.
_____________________________________________________________________
[*] Capítulo de
introdução do livro: SEARS, William; SEARS, Martha. “The discipline book:
everything you need to know to have a better-behaved child – from birth to age
ten” (O livro da disciplina: tudo o que você precisa saber para ter uma
criança bem comportada – do nascimento aos 10 anos). Little, Brown and Company,
NY, 1995, pp. 7-14). Aqui traduzido e adaptado por Taicy Ávila.
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